terça-feira, 15 de maio de 2007

O Amor é intemporal!

Quem acredita que já se disse tudo sobre o Amor, desengane-se. Apesar dos incontáveis rios de tinta gastos a escrever sobre este tema, das inúmeras curtas e longas metragens que têm transportado para a tela relatos que variam entre a ficção e a realidade sobre o Amor, porque cada ser humano é único, logo, tem a sua forma própria de sentir, há-de haver sempre algo de novo a dizer sobre este sentimento. É com base nesta premissa que, hoje, me permito dissertar um pouco sobre o Amor.
Começarei por citar Florbela Espanca, a Poetisa que, com inexcedível sensibilidade, através dos seus sonetos, elevou o Amor à sublimação.

"Ama-se quem se ama e não quem se quer amar."

Tentar fugir a um Amor considerado intempestivo é encetar um processo de puro masoquismo cujo êxito será comprovado pelas marcas que o seu autor transportará vida fora. Ninguém passa por um grande Amor sem deixar pelo caminho bocados de vida.
O Amor não é dócil, é um anarquista rebelde que não escolhe sítio para morar; é-lhe indiferente a raça, a condição, a idade ou o estado do seu habitat, o importante é que se sinta confortável.
Se acredito que isto é verdade, estou igualmente convencida que há corações onde o Amor nunca morou, não pelo menos aquele Amor que nos leva a fundir corpo e alma, como se espírito e matéria fossem um só. Seres que pouco sabem do Amor, que quando se cruzam com este sentimento acreditam que podem ajusta-lo à medida dos seus desejos ou das suas conveniências. O Amor consome-nos inevitavelmente, mas passar pela vida sem nunca ter oscilado entre o limiar da loucura e o êxtase divino a que o Amor nos conduz é ir-se embora com uma existência incompleta.
O Amor é um sentimento poderoso, com extrema facilidade transforma os corações.
Aos que encontra em estado letárgico, acicata-os e ensina-lhes a arte de amar.
Àqueles que vivem prisioneiros da amargura, submersos em revolta, suaviza-os.
Aos que são vítimas de si próprios por se terem entregue à sedução de um amor incapaz de compreender a grandeza deste sentimento, dá-lhes o alívio da certeza que, com efeito, o Amor é intemporal, mas não é imutável!

"...

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés d'alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

(...)

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia...
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!... "

Florbela Espanca