sábado, 4 de agosto de 2007

Encontros e desencontros

No labirinto da vida inevitavelmente acontecem encontros e desencontros. Antagonismo perfeito que leva os corações a viajarem entre a alegria e a tristeza, bastando, para o efeito, um inocente chegar ou partir.
Ilha, sinónimo de nostalgia, de idas e regressos, que se vão entrelaçando na nossa existência e desenhando nos nossos rostos contornos de sorrisos breves, a adivinharem a próxima chegada; que nos cavam sulcos na face, por onde as lágrimas fazem caminho, na hora em que os lábios se cerram e se recusam a gemer o doloroso adeus.
Em apoteose, os corações vestem galas para a festa do regresso, saboreiam as delícias de cada encontro, que é único porque não se repete. Amam por todo o tempo que aconteceu a separação e pelo que voltará a acontecer. Tentam exaurir a alma do sofrimento que a entope, sonham com uma sinfonia de beijos, com sabor a mel e perfume de flores.
Partida, palavra que dói, que marca a nossa existência com sinal negativo, que antecipa o cair da noite no nosso coração, que nos ensina o verdadeiro significado de saudade, ainda que o não saibamos definir.
Cedo aprendemos a conviver com este oscilar de emoções, sendo que, à medida que a idade avança, vão-se somando mais partidas que chegadas.
Este mar imenso que nos rodeia, chão feito de água, que empresta o seu azul ao céu infinito, onde as gaivotas se passeiam mesclando as cores do arco-íris, leva para longe da nossa vista os que mais amamos, sem assumir connosco o compromisso de os trazer de volta.

"Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."

Sophia de Mello Breyner Andresen

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