domingo, 8 de julho de 2007

Nada é definitivo!...

"Nada é definitivo!"
Esta frase não é minha... Posso usá-la? Obrigada!
Eu sei!...
Um dia, numa qualquer estação da vida, voltaremos a encontrar-nos.
Pisaremos o mesmo chão, deixaremos que o mesmo sol nos aqueça, teremos a mesma brisa a acariciar-nos o rosto.
Em silêncio, deixaremos que se misturem olhares feitos de mar e de amêndoa, avaliaremos o tempo infinito que passou, contaremos novidades, desabafaremos mágoas, relataremos alegrias.
Tentaremos perceber porque é que a uns o mar une e a outros o mar separa.
Perdoaremos ao sol por todo o tempo que deixou de brilhar e agradeceremos às nuvens, num gesto de gratidão, tantos dias cinzentos que nos proporcionaram.
Desculparemos ao destino pelas feridas que nos abriu na alma e pediremos à vida que nos ajude a sará-las.
Despiremos as convenções e deixaremos que as emoções se revelem.
Recordaremos com saudade os projectos comuns, aos quais nos entregámos com empenho e dedicação e que nos ajudaram a construir o belo edifício da amizade.
Faremos promessas que não poderemos cumprir, riremos desajeitados, exultaremos numa saudável loucura.
Prenderemos o tempo com ambas as mãos, impedindo-o de continuar a correria louca que nos transforma em antípodas coercivos.
E depois de tudo isto, se ainda tivermos tempo, continuaremos em busca do mesmo sonho!...

"...Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas!
O que trago Em mim?
Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!..."

Florbela Espanca

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