Pergunta de resposta difícil, esta! O que é a felicidade?... É possível defini-la? Hum!... Acho que não... Tenho a certeza que não!
Tenho da felicidade um conceito tão subjectivo que sou tentada a acreditar que não existem, em toda a humanidade, duas pessoas que tenham, exactamente, a mesma concepção deste sentimento.
Para mim? Bem, para mim a felicidade não é, definitivamente, uma conta D.O. com muitos grupos de três zeros à direita de um número natural.
Não é ser princesa e viver num castelo rodeada de aias preocupadas em satisfazer-me até ao mais pequeno capricho.
Felicidade, para mim, não é ter um avião particular à minha disposição que me faça deslocar livremente pelo mundo.
Não é ter uma limusina, não são festas, viagens.
Não é o sentido da posse, do luxo e da ostentação que me faz feliz.
Não, não é!
Felicidade para mim, é, sem dúvida, algo que não é vendável e que nada tem a ver com o mundo consumista em que vivo.
Felicidade é o sítio onde me sinto, não onde me colocam.
É a ternura do teu sorriso, do teu e do teu, mais o teu. É o calor do teu olhar que me aquece a alma. São os breves, mas plenos, momentos, após intermináveis períodos de ausência, em que o meu coração exulta de alegria por voltar a ter-te. É ouvir a tua voz doce deslizar-me pelos ouvidos como água cristalina que sacia a minha sede e dilui a saudade.
É isso... Para mim, a felicidade é isso...
"Nem os
dias longos me separam da tua imagem.
Abro-a no espelho de um céu monótono, ou
deixo que a tarde a prolongue no tédio dos
horizontes. O perfil cinzento da montanha,
para norte, e a linha azul do mar, a sul,
dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia
quando, ao dizer o teu nome, a realidade do
som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo
o silêncio para que dele possas renascer,
sombra, e dessa presença possa abstrair a
tua memória."
Nuno Júdice
terça-feira, 28 de agosto de 2007
domingo, 12 de agosto de 2007
A sedução inconsequente
Longe de pretender roçar, sequer, este tema na sua vertente científica, - isso é matéria reservada aos profissionais que terão, seguramente, muito para dizer - permito-me, no entanto, fazer uma pequena abordagem à sua natureza prática.
A sedução é um jogo que faz parte do processo de conquista, arrebatadora magia que abre a porta ao amor. É suposto ser um jogo limpo, de regras transparentes e contornos bem definidos, porém, não raras vezes, é pervertido, transformado num capricho de objectivos imediatos, desafiando todas as convenções e regras de conduta. Enquanto jogo limpo, não há vencido nem vencedor, ganham os dois, mas a inobservância de regras transforma o protagonista num vencedor antecipado, embora sem mérito nem glória.
Muitas vezes, o sedutor perverso tem, ele próprio, necessidades ocultas por preencher e, mergulhado no mais puro egoísmo, faz por esquecer os perigos da sua inconsequência. Finge ignorar o sofrimento que causa e transforma a sedução num sentimento falso e perigoso, numa manobra de coquetismo de resultados imprevisíveis. Seduz pelo prazer de se sentir amado, para suprir as suas próprias lacunas de afecto ou, simplesmente, por presunção. Aposta tudo naquilo que é a excelência da sedução, o olhar e o sorriso, pois sabe que estes dois trunfos são determinantes.
São incomensuráveis os danos causados por uma sedução elaborada e inconsequente. Não estaremos muito longe da verdade se a compararmos a um gás letal, ambos matam, um de uma forma outro doutra, e são igualmente silenciosos.
Ao perder o controlo da situação, o sedutor perverso põe-se em bicos de pés ou acobarda-se, cria distância, deixa cair a cortina com que se protege, até a próxima acção.
O que o sedutor não sabe é que amar é sempre uma bênção, mesmo em circunstâncias adversas e que, apesar de pervertida e do sofrimento que causa, a sedução desencadeia no seduzido uma explosão de amor que o sedutor jamais experimentará.
Ser sedutor inconsequente não é característica com que se possa rotular um ou outro género humano, há-os em abundância nos dois géneros, não obstante, em jeito de solidariedade feminina, apetece-me citar um pequeno excerto duma canção muito conhecida que, no caso, a vítima é, ao que tudo indica, uma mulher.
"
You don't even know the meaning of the words I'm sorry
You said you would love me until you die
As far as I know you're still alive
Baby
You don't even know the meaning of the words I'm sorry
I'm starting to believe it should be illigal to deceive a woman's heart"
Shakira
A sedução é um jogo que faz parte do processo de conquista, arrebatadora magia que abre a porta ao amor. É suposto ser um jogo limpo, de regras transparentes e contornos bem definidos, porém, não raras vezes, é pervertido, transformado num capricho de objectivos imediatos, desafiando todas as convenções e regras de conduta. Enquanto jogo limpo, não há vencido nem vencedor, ganham os dois, mas a inobservância de regras transforma o protagonista num vencedor antecipado, embora sem mérito nem glória.
Muitas vezes, o sedutor perverso tem, ele próprio, necessidades ocultas por preencher e, mergulhado no mais puro egoísmo, faz por esquecer os perigos da sua inconsequência. Finge ignorar o sofrimento que causa e transforma a sedução num sentimento falso e perigoso, numa manobra de coquetismo de resultados imprevisíveis. Seduz pelo prazer de se sentir amado, para suprir as suas próprias lacunas de afecto ou, simplesmente, por presunção. Aposta tudo naquilo que é a excelência da sedução, o olhar e o sorriso, pois sabe que estes dois trunfos são determinantes.
São incomensuráveis os danos causados por uma sedução elaborada e inconsequente. Não estaremos muito longe da verdade se a compararmos a um gás letal, ambos matam, um de uma forma outro doutra, e são igualmente silenciosos.
Ao perder o controlo da situação, o sedutor perverso põe-se em bicos de pés ou acobarda-se, cria distância, deixa cair a cortina com que se protege, até a próxima acção.
O que o sedutor não sabe é que amar é sempre uma bênção, mesmo em circunstâncias adversas e que, apesar de pervertida e do sofrimento que causa, a sedução desencadeia no seduzido uma explosão de amor que o sedutor jamais experimentará.
Ser sedutor inconsequente não é característica com que se possa rotular um ou outro género humano, há-os em abundância nos dois géneros, não obstante, em jeito de solidariedade feminina, apetece-me citar um pequeno excerto duma canção muito conhecida que, no caso, a vítima é, ao que tudo indica, uma mulher.
"
You don't even know the meaning of the words I'm sorry
You said you would love me until you die
As far as I know you're still alive
Baby
You don't even know the meaning of the words I'm sorry
I'm starting to believe it should be illigal to deceive a woman's heart"
Shakira
sábado, 4 de agosto de 2007
Encontros e desencontros
No labirinto da vida inevitavelmente acontecem encontros e desencontros. Antagonismo perfeito que leva os corações a viajarem entre a alegria e a tristeza, bastando, para o efeito, um inocente chegar ou partir.
Ilha, sinónimo de nostalgia, de idas e regressos, que se vão entrelaçando na nossa existência e desenhando nos nossos rostos contornos de sorrisos breves, a adivinharem a próxima chegada; que nos cavam sulcos na face, por onde as lágrimas fazem caminho, na hora em que os lábios se cerram e se recusam a gemer o doloroso adeus.
Em apoteose, os corações vestem galas para a festa do regresso, saboreiam as delícias de cada encontro, que é único porque não se repete. Amam por todo o tempo que aconteceu a separação e pelo que voltará a acontecer. Tentam exaurir a alma do sofrimento que a entope, sonham com uma sinfonia de beijos, com sabor a mel e perfume de flores.
Partida, palavra que dói, que marca a nossa existência com sinal negativo, que antecipa o cair da noite no nosso coração, que nos ensina o verdadeiro significado de saudade, ainda que o não saibamos definir.
Cedo aprendemos a conviver com este oscilar de emoções, sendo que, à medida que a idade avança, vão-se somando mais partidas que chegadas.
Este mar imenso que nos rodeia, chão feito de água, que empresta o seu azul ao céu infinito, onde as gaivotas se passeiam mesclando as cores do arco-íris, leva para longe da nossa vista os que mais amamos, sem assumir connosco o compromisso de os trazer de volta.
"Ausência
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."
Sophia de Mello Breyner Andresen
Ilha, sinónimo de nostalgia, de idas e regressos, que se vão entrelaçando na nossa existência e desenhando nos nossos rostos contornos de sorrisos breves, a adivinharem a próxima chegada; que nos cavam sulcos na face, por onde as lágrimas fazem caminho, na hora em que os lábios se cerram e se recusam a gemer o doloroso adeus.
Em apoteose, os corações vestem galas para a festa do regresso, saboreiam as delícias de cada encontro, que é único porque não se repete. Amam por todo o tempo que aconteceu a separação e pelo que voltará a acontecer. Tentam exaurir a alma do sofrimento que a entope, sonham com uma sinfonia de beijos, com sabor a mel e perfume de flores.
Partida, palavra que dói, que marca a nossa existência com sinal negativo, que antecipa o cair da noite no nosso coração, que nos ensina o verdadeiro significado de saudade, ainda que o não saibamos definir.
Cedo aprendemos a conviver com este oscilar de emoções, sendo que, à medida que a idade avança, vão-se somando mais partidas que chegadas.
Este mar imenso que nos rodeia, chão feito de água, que empresta o seu azul ao céu infinito, onde as gaivotas se passeiam mesclando as cores do arco-íris, leva para longe da nossa vista os que mais amamos, sem assumir connosco o compromisso de os trazer de volta.
"Ausência
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."
Sophia de Mello Breyner Andresen
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